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Sem o fracasso não há criatividade





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Alan Marcus, diretor de TI do Fórum Econômico Mundial, dá dicas de como o brasil pode ficar mais competitivo e fala sobre os desafios que as novas tecnologias impõem ao mundo.

A digitalização tem trazido grandes desafios para países e empresas. Como prosperar num mundo hiperconectado, em constante mudança e onde a concorrência se intensifica? Não ter medo de fracassar é o primeiro passo, na opinião de Alan Marcus, diretor de tecnologia da informação e telecomunicações do Fórum Econômico Mundial. E nesse aspecto, segundo ele, o Brasil deixa a desejar.

Formado em Ciências da Computação pela Rutgers University e engenharia de telecomunicações por Berkeley, Marcus acumula ampla experiência profissional na área, tendo passado por empresas como 3Com, Novell, Cisco e Symbol Technologies. Nesta terça-feira (12/11), o executivo abre com uma palestra em São Paulo a Cúpula Mundial de Políticas Públicas de TI, que acontece pela primeira vez no Brasil, entre os dias 12 e 13 de novembro.

Nesta entrevista, Marcus avalia o estágio de desenvolvimento do setor de TI no Brasil e indica o que o país poderia fazer para melhorar sua competitividade. O diretor do Fórum Econômico Mundial comenta ainda como a digitalização impõe atualmente desafios a todas as nações, que precisam ser enfrentados em conjunto.

O Brasil está em 60° entre 144 países no ranking das nações mais bem preparadas para se beneficiar das novas tecnologias de informação e comunicação, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. Essa é uma posição ruim para um país como o Brasil?
Não se trata de ser boa ou ruim. A questão importante é: o Brasil está melhor ou pior do que se esperava? Outra questão é: o país está subindo ou caindo no ranking? No caso do Brasil, ele está subindo. O país ficou em 65° em 2012 e 60° em 2013. É uma indicação clara de que ele está se movendo na direção correta. Ao compararmos o Brasil com outros países de renda média, ele fica num região de desempenho intermediário. Em uso das tecnologias, entre os países de renda média e média alta, o Brasil se destaca. Ele está muito acima da média no uso delas pelas empresas. Por outro lado, a inovação, principalmente dentro das empresas, não é tão forte, como é visto em outros países com o mesmo nível de renda. Na formação dos profissionais e na área de regulamentação, ainda é preciso avançar. Isso levaria o Brasil a subir no ranking.

O Brasil precisa melhorar a qualidade da educação então?
Isso inclui, obviamente, a qualidade da educação, mas também as habilidades necessárias para operar de forma eficiente nesse mundo hiperconectado. E esse é um desafio global, não apenas do Brasil. A comissária da União Europeia para a Agenda Digital, Neelie Kroes , disse recentemente que há hoje milhões de empregos que exigem habilidades sofisticadas para os quais os europeus não estão sendo educados. Portanto, a qualidade da educação pode melhorar, mas se não incluirmos habilidades, como as de engenharia, necessárias para fazer parte do mundo digital, esses países vão começar aos poucos a ficar para trás.

Como o Brasil pode se tornar mais competitivo?
Qualquer país que queira permanecer competitivo precisa criar um determinado ambiente. Em primeiro lugar, é necessário haver uma aceitação cultural do fracasso. Existem muitos países que investem pesado para criar a nova geração de ideias, mas não aceitam o fracasso e, sem aceitá-lo, a criatividade e o pensamento realmente inovador não aparecem. Isso ocorre em partes da China, até certo ponto na Índia, e, em menor grau, no Brasil. Nesses países, a criatividade não é tão grande quanto em outros lugares onde o fracasso é mais aceito, como nos EUA, Reino Unido, Suécia ou Israel. O segundo aspecto é ter acesso ao capital. A presença de investidores anjo, prontos não apenas para dar dinheiro, mas também conselhos, ajuda. Em terceiro, está a regulamentação do ambiente de negócios. Em Cingapura, são necessários apenas dois dias para abrir uma empresa . Na China, pode-se levar dois anos. O Brasil também enfrenta dificuldades nesse sentido. Portanto, precisamos ser mais flexíveis com os requerimentos para abrir uma empresa. Do contrário, a única maneira de fazer isso acaba sendo por trás do pano, é não registrá-la. É fácil falar, não é fácil fazer. Vai demorar, mas eu acredito que o Brasil tem as fundações corretas para fazer isso acontecer.

Quais os principais desafios que as novas tecnologias de informação e comunicação impõem aos países?
Quando falamos de digitalização, não se trata apenas da internet. As pessoas estão hoje conectadas de muitas formas. É o que chamamos de hiperconexão. Isso está criando novos modelos de negócio e novas oportunidades. Há uma preocupação em criar ambientes seguros para a troca das informações. O mesmo sentimento existe em relação à infraestrutura: as operadoras e os fornecedores serão capazes de acompanhar o crescimento do tráfego de informações? Já os países precisam pensar em como manter sua competitividade. Não é fácil. Existem muitos que estão fazendo tudo certo e ainda assim ficando para trás. É um tempo de dificuldades, mas excitante, porque a barreira de entrada para muitos negócios está ficando mais baixa.

Como as políticas públicas devem se adaptar aos novos tempos?
Na Índia, o Congresso chegou a aprovar uma lei estabelecendo que qualquer informação sobre uma pessoa só poderia ser usada com a sua autorização. Ao passar essa lei no parlamento, eles "fecharam" a indústria de terceirização indiana, porque as empresas de fora não pedem autorização de cada cliente para compartilhar suas informações. Eles nem haviam percebido as implicações da lei. É por isso que digo que não podemos resolver nossos problemas sozinhos. Não é algo que um país possa fazer sozinho, não é algo que uma empresa ou uma indústria consigam fazer sozinhas. A única maneira de resolver essas questões é unir todos os stakeholders, públicos e privados, e discutir as implicações da regulamentação, entendendo seus trade-offs.

A digitalização pode acelerar o crescimento econômico?
Eu acredito, sem qualquer dúvida, que a digitalização já está criando crescimento econômico, mas eu concordo que ainda há algum debate sobre isso. Ela está criando novos negócios, oportunidades, modelos, mas ao mesmo tempo está destruindo velhas oportunidades e modelos. Há quatro anos, se alguém perguntasse se o Facebook iria mudar o mundo, nós daríamos risada. Hoje, o Facebook tem um bilhão de usuários.